A obra CIRANDA foi desenvolvida num contexto site-specific para
uma exposição do Colectivo Pescada Nº5, com a duração de dois
dias. Quatro visões e formas de sentir um espaço se complementaram
para a criação da peça. Foi através da mistura de linguagens e
sensibilidades que foi possível criar uma instalação que fizesse
referência às antigas funções do local, onde outrora se fazia pão.
A ideia ganhou forma através de um desenho espacial em que várias
cirandas suspensas do tecto, deixavam suavemente cair pó de
farinha, fazendo com que o desenho espacial se fosse alterando,
tanto no chão, como pela própria nuvem de pó que durante alguns
minutos desenhava no espaço novas colunas, em resposta à paisagem
sonora criada especificamente para esta obra.
A convite do projecto
O Mundo do Vinho, esta instalação foi apresentada através de uma releitura do seu
contexto expositivo e conceptual, atento o espaço para o seu
acolhimento, o Mercado Municipal D. Pedro V. Fazendo referência a
uma relação bastante identitária com a nossa cultura popular
portuguesa, a obra faz uma alusão ao pão, que aqui se une ao
vinho, elementos que sempre fizeram parte do mesmo universo de
sabores. A obra ganhou novo significado, desvinculando-se do
espaço para o qual foi criada inicialmente, para ocupar um dos
vãos livres do Mercado no seu primeiro andar, adquirindo novas
leituras, como por exemplo o facto de ali ainda nos ser possível
tecer uma relação de proximidade com aquelas e aqueles que nos
fornecem o alimento.
CIRANDA é uma instalação que necessita ser activada através do
toque, do manuseio, do abanar das suas cirandas, para que o pó da
farinha cumpra a sua função de desenhar o espaço e o chão, se
libertem os cheiros dos cereais e se vislumbre a passagem do
tempo, nesse pó que lentamente cai como nuvem até ao chão. CIRANDA
é uma obra que precisa ser activada para ser compreendida na sua
potência máxima de metáfora de comunhão.¹
¹Origem etimológica: latim communio, -onis, comunidade, participação mútua, associação, carácter comum, conformidade. | “comunhão”, in Dicionário Priberam daLíngua Portuguesa [em linha], 2008-2023
Conceção e Produção:
Inês Moura, Luísa Bebiano, Nuno Maia
Design de Som:
Henrique Vilão
Gravação e Edição Vídeo:
João Pidrança
Captação Fotográfica:
João Duarte